Pescador de ilusões

7 jul

Sua ilusão tinha se projetado além dela, além de tudo. Ela lançara-se ao seu sonho com uma paixão criadora, acrescentando-lhe incessantemente alguma coisa, enfeitando-o com todas as vigorosas plumagens com que deparava. Quantidade alguma de ardor ou de entusiasmo pode competir com aquilo que um homem pode armazenar em seu fantasmagórico coração.”  O Grande Gatsby – Francis Scott Fitzgerald

Infelizmente não é sempre que conseguimos a façanha de adormecer nossas projeções em sono profundo. Lembrei-me desse desafio ao ver a mais recente adaptação ao cinema do clássico O Grande Gatsby, de Fitzgerald.

Gatsby estava permeado por valores de requinte e glamour, que serviam como máscara para uma profunda superficialidade. O contexto da década de 20 criou um homem misterioso, que escondia com sua reclusão uma enorme insegurança e um grande desejo de ser amado por aqueles que o cercavam, em especial sua idolatrada Daisy.

O drama maior do personagem, tão bem interpretado por DiCaprio neste filme, estava em conseguir lidar com suas projeções, que não o permitiam ver a idealização equivocada que fazia do seu amor. De tão iludido, perdido mesmo, o infeliz menino foi incapaz de perceber a futilidade que estava travestida de beleza.

Sinto que existe um mistério inexplicável de bem-aventurança no percurso de quem sabe controlar suas expectativas e perceber suas projeções. Parece incrível, pois é mesmo quando abandonamos as fantasias que tudo que é para ser chega como se sempre estivesse estado lá. E aparece o que uma busca desesperada nunca conseguiria alcançar.

Em tempo: nós podemos estar olhando sem nada enxergar. Criar um castelo de areia é uma fuga  tentadora, mas que se torna tragicamente cruel com a inevitável chegada da onda do mar.

Publicado orinalmente em http://somdaletrah.wordpress.com/2013/07/05/pescador-de-ilusoes/

Festival de Curitiba

27 mar

Começa hoje minha maratona pessoal no Festival de Curitiba. Tentarei colocar uma breve opinião no blog!
Peças que verei:
Esta Criança
Recusa
O Homem travesseiro
In the Dust
Parlapatões revisitam Angeli
O Líquido Tátil

Moonrise Kingdom – Wes Anderson

2 dez

Filme muito original e delicado este de Wes Anderson. O estilo e esquisitices do diretor estão aqui mais uma vez, mas o mais encantador desta vez foi a inteligência com que contou uma história de primeiro amor a partir do ponto de vista infantil. Isso é percebido nos detalhes como a história se revela: a árvore infinitamente alta, por exemplo, ou a perda da virgindade representada através de um inocente. Intervenções que nos levam a uma nostalgia dos dias de primeiro encanto e todo dimensionamento que dá pra toda a vida, afinal. Recomendado.

Vermelho como o Céu

16 abr

“O Azul é como sentir o vento bater em seu rosto ao andar de bicicleta – Mirco Balleri, no filme Vermelho como o Céu

Mirco Balleri é um garoto comum de 10 anos de idade que adora cinema e vive em uma pequena cidade italiana, nas proximidades de Pisa. Vive uma vida comum de um garoto nessa idade, quando em uma de suas peraltices resolve brincar com a arma de seu pai e um grave acidente faz com que perca grande parte de sua visão.

Nessa premissa de um garoto recém cego, acrescente também um fator histórico da Itália dos anos 70, em que crianças portadoras de deficiência visual eram obrigadas a estudar em escolas especiais, e por conta disso o garoto ainda é segregado do convívio com seus pais e amigos, para viver em um internato em Gênova. Pra ajudar um pouco mais o internato segue uma educação profissionalizante e limitada, pois o diretor da escola especial coloca regras rígidas de que a cegueira deve guiar o que a criança ainda poderá fazer da vida.

Este é o ponto de partida desse belo filme, que faz uma tentativa singela de tratar sobre superação com poesia. O garoto Mirco não abandona sua paixão por cinema, mas ao encontrar um gravador passa a colecionar e editar sons para montar histórias sonoras. Aprende que ao tremular uma bandeja consegue um som de trovão, ou que assoviar em uma garrafa remete ao vento e com o apoio de coleguinhas do internato começam a criar um mundo de novas possibilidades.

Em uma bela cena Mirco descreve a um menino cego de nascença, chamado Felice, sobre como seriam as cores. Segundo ele, o Azul é como sentir o vento bater em seu rosto ao andar de bicicleta; marrom é como o tronco de uma árvore. E o vermelho é o fogo; vermelho é como fica o céu no pôr do sol.

Enfim, não é apenas sobre superação que esta história conta, mas principalmente sobre a possibilidade de caminhos para não sentar à sombra da vitimização e colher as dores de amargura que isso pode trazer à alma. Auto-vitimização é um sentimento que cresce, e quanto mais vai sendo alimentado, passa a ser paralisante e pode nos deixar limitados à infelicidade. Aliás, por mais trágico que tudo possa ser sempre vai existir outro sentido, mas às vezes nos falta a pureza de criança pra acreditar que realmente é possível utilizá-lo. Detalhe, ainda, que o filme conta a história real de Mirco Mencacci, um dos mais importantes editores de som da indústria cinematográfica italiana.

Nos faz pensar como escolher o significado do Vermelho pode ser feito no caminho de uma eterna tragédia ou num belo recomeço com Céu ao nascer do sol…

GIBICON Nº 0 em Curitiba

19 jul

Foi com muita alegria que presenciei a primeira Gibicon aqui em Curitiba! Não sou super fã de quadrinhos, mas curto HQ como herança e influência do meu querido irmão. Por três dias quentes e fora do padrão curitibano, o evento contou com a participação de artistas e especialistas da área no Brasil e no mundo. Gente muito boa como Joe Bennett, que já assinou histórias para as editoras internacionais Marvel e DC Comics; e Lucio Felippucci, que faz desenhos do TEX. Aliás, curti muito a exposição do Tex. Também assisti um debate bacana sobre como entrar no mercado dos Estados Unidos. Interessante ver como isso é possível e acontece pra algumas pessoas.

Assisti uma palestra do simpático quadrinista e escritor Lourenço Mutarelli, autor do livro O Cheiro do Ralo, que virou filme recentemente. Que cara bacana, estava com a esposa e filho na primeira fila e era de uma naturalidade e simplicidade impar. Um momento super legal foi quando contou sua experiência no projeto da Companhia das Letras Amores Expressos, em que escri­to­res são man­da­dos para cida­des em diver­sos luga­res do mundo, e Mutarelli foi à Nova York, cidade que não fazia questão alguma de conhecer. Me identifiquei muito com ele ao dizer de sua experiência de sempre levar um Molesquine pra anotar as coisas enquanto andava sozinho pelas ruas da Nova York solitária. Eu também fiz disso, pois fui visitar Nova York sozinha e ficava fazendo anotações no meu Molesquine, que ganhei de presente da minha amiga Feh.

Daí que quando o cara estava entrando em assuntos agradáveis e interessantes sobre literatura e HQ aparecia algum sem noção e fazia uma pergunta nada a ver. Aliás, este sim foi um ponto negativo da Gibicon: não chamaram um moderador e o Mutarelli ficou bem perdido tendo que falar sobre sua carreira e sendo guiado pelas perguntas do povo. Se você já participou de qualquer evento guiado por perguntas deve saber que é furada, acaba saindo cada pérola que dá vontade de bater. Mas é isso, pra um primeiro evento foi muito bom, esse detalhe de colocar um moderador já deve ter sido anotado pelos organizadores.

Que venham outros mais!

Splice – A nova espécie (2009) ou Como quebrar todos os códigos de ética na pesquisa genética em um só filme.

18 abr

O filme de Vicenzo Natali (Cube, e o segmento Quartier de la Madeleine de Paris, Je t’Aime) é perturbador desde o início, quando o casal de cientistas Elsa e Clive (Sarah Polley, de Go – Vamos Nessa, e o ótimo Adrien Brody, de O Pianista) executam o “parto” de uma criatura disforme desenvolvida no laboratório; emocionada, Elsa afirma: “Ela é linda”.

A pesquisa com as criaturas Fred e Ginger degringola num banho de sangue apavorante e o laboratório Newstead Pharmaceutics decide parar de investir em novas espécies para se concentrar em proteínas comercializáveis para o tratamento de doenças.

Seguindo o fluxo de imprudências tecnológicas o casal decide desobedecer as diretrizes da empresa e utiliza DNA humano combinado a outros animais para criar um novo experimento que resulta no nascimento de uma fêmea humanóide batizada de Dren. Aí o clima de horror vai se instalando à medida que Elsa começa a cuidar de Dren como uma mãe confusa e perturbada. A pequena cresce (vertiginosamente rápido), deixa de parecer com um bicho de estimação para adquirir sedutoras formas femininas, e os distúrbios morais dos seus criadores vão ficando mais evidentes. Aí é assistir para conferir, mas se pode adiantar que o estômago faz três tipos de engulhos a cada avanço da trama. Não em virtude das cenas de susto, típicas do gênero Terror, mas justamente das cenas da convivência doentia dos três protagonistas. Neste terror não há a figura do monstro, mas a transformação assustadora da inocência.

O bacana do roteiro deste filme, recomendado pelo cultuado escritor William Gibson via Twitter, reside em 3 tópicos:

  • Discussão sobre a ética na Ciência: quais os limites para a pesquisa genética? Quais as implicações morais de se utilizar DNA humano ou animal? A moralidade, representada por Clive, é fraca e dominada pelo impulso avassalador da curiosidade científica e dos interesses pessoais de Elsa.
  • Interferências dos interesses privados no rumo da Ciência – a Ciência não é neutra, mas é política, é econômica e é impregnada de valores humanos.
  • A insistência da insana Elsa em registrar meticulosamente o “experimento” mesmo nas situações mais críticas, dando um toque de cartesianismo cruel à trama; ela segue o método científico, apesar de não seguir nenhum código de ética.

Enfim, recomendo pipoca com um antiácido potente para acompanhar, além de uma mão firme para segurar. Segue o trailer, mas achei que o clima de sustos em série não corresponde ao filme. Voilà.

http://youtu.be/t6o_Vl2f07Q

O filme de 20 trilhões de dólares

16 abr

Em 2008, às vésperas da eleição presidencial que consagraria o então-futuro-ganhador-do-prêmio-Nobel-da-paz Barack Obama, uma série de falências de bancos de investimentos e de financiamento habitacional (a famosa hipoteca) colocou o mundo em parafuso. De um dia para o outro começou-se a falar de bilhões e trilhões de dólares para resgate (os bailouts). O que teria acontecido à economia estadunidense que parecia inexpugnável após anos de crescimento?

Mas o que, à primeira vista, parecia um evento catastrófico inesperado foi cuidadosamente construído ao longo de trinta anos, mediante um processo de desregulamentação e consolidação de gigantescos conglomerados financeiros. Esse longo processo de construção da crise financeira é o tema de Trabalho Interno (Inside Job, 2010), dirigido por Charles Ferguson.

O poster

O filme apresenta um ótimo painel de entrevistas com os principais agentes – desde ex-executivos e advogados de empresas como Morgan Stanley, Lehman Brothers até técnicos do governo estadunidense e professores e pesquisadores em ciência econômica – entremeadas com depoimentos nas comissões de investigação, reportagens, e ótimas animações para explicar os elementos técnicos da discussão: CDOs, CDSs, securitização, alavancagem financeira… Ferguson expõe a promiscuidade entre o governo, o mercado especulativo e até mesmo a academia em um contexto de crescente desregulamentação do mercado de capitais.

Mas é, sobretudo, um filme sobre a aparência. Sobre como um grupo muito pequeno de pessoas conseguiu extrair enormes lucros em um sistema baseado nas percepções de valor, de solidez, de confiança de papéis e de instituições (os chamados ratings de risco). E sobre como a fragilidade dessas percepções foi tragicamente desnudada, revelando um sistema em última instância irresponsável pelos efeitos de suas decisões.

(E a próxima vez que meu gerente falar pra eu tirar meu dinheiro da poupança e colocar num fundo de investimentos, bem… banana pra ele.)

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P.S. Ainda sobre política e economia, recomendo o impressionante e um tanto obscuro Memorias del Saqueo (2003), documentário de Fernando Solanas sobre a destruição da economia argentina nas últimas décadas do século XX. O mesmo processo que vimos no Brasil dos 1990s em nome de uma modernização neoliberal. Na íntegra, aí embaixo:

O primeiro Bollywood a gente nunca esquece

27 fev

Não sei se Dabangg (2010) foi lançado no mercado brasileiro. Maior bilheteria da Índia em 2010, Dabangg (“Destemido”, em tradução livre) é, bem, uma comédia policial de ação no melhor estilo Bollywood, com direito a música, dança, cenas românticas exageradas, herói canastrão e a maior quantidade de bigodes falsos por centímetro quadrado de celulóide desde Magnum.


Dirigido por  Abhinav Kashiap, o filme conta a folhetinesca história de Chulbul Pandey (vivido por Salman Khan), um policial violento, corrupto e mulherengo (me arrisco a dizer que Chulbul Pandey é mais casca-grossa que o nosso Capitão Nascimento). Depois de desbaratinar uma quadrilha ligada a um grupo político local, Chulbul é traído pelo meio-irmão, se apaixona por uma jovem oleira (a belíssima Sonakshi Sinha), se vê obrigado a resolver sua relação com o padrasto e, é claro, derrotar o lider da quadrilha.

O roteiro mirabolante é temperado com ótimas cenas de ação inspiradas em filmes como Romeu Tem Que Morrer (a luta com mangueiras de incêndio), Carga Explosiva (luta no galpão alagado de óleo lubrificante) e até mesmo Sherlock Holmes (a briga em câmera ultra-lenta entre Chulbul e o vilão).

Mas uma produção bollywoodiana não pode deixar de ter cenas de dança e música. A minha favorita é, de longe, a cena da bebedeira (!) na delegacia (!!):



Há alguns anos, a rede Telecine tentou emplacar o então hypado cinema de Bollywood com um ciclo de filmes no TC Cult. Na época eu não dei muita bola, talvez eu fosse novo demais, estivesse interessado demais nos filmes modernetes alemães. Se você ainda não conhece o cinema bollywoodiano, faça como eu: dispa-se dos preconceitos, esqueça a novela da Rede Globo, carregue um blockbuster indiano no aparelho de DVD e se prepare para uma viagem cinematográfica inesquecível.

Pra terminar, o trailer:


Sobre celulóide e bicicletas

14 dez

Elas já estavam lá quando os irmãos Irmãos Lumière rodaram seu primeiro filme com o recém inventado cinematógrafo. Em 1895,  La Sortie de l’Usine Lumière à Lyon, segmento que abriu a primeira sessão de cinema, no Grand Café de Paris, em 28 de dezembro do mesmo ano, capturou algumas bicicletas entre as dezenas de operários que saíam da fábrica.

Desde então, bicicletas foram as coadjuvantes (ou talvez as protagonistas) de momentos inesquecíveis do cinema em filmes como E.T., Ladrões de Bicicleta, Butch Cassidy… Para celebrar o meu meio de transporte favorito separei três momentos cineciclísticos memoráveis:

• As Bicicletas de Belleville (2003)

Uma animação que já nasceu clássica

Sylvain Chomet explora a fascinação dos franceses pelo Tour de France em uma história tocante sobre o amor de uma avó pelo seu neto. Um desfile de personagens bizarros numa outra Nova York (a Belleville do título, com direito a estátua da liberdade gordíssima, segurando um sorvete numa mão e um hamburguer na outra), onde Madame Souza vai à procura de seu neto, sequestrado enquanto disputava uma Étape do Tour. Chomet costura estilos musicais e de animação (destaque para a sequência inicial em estilo old school, à la anos 1930). Chomet torna a música o principal elemento de amarração dos vários momentos de um filme desprovido de diálogos.

Animação tradicional, com visual que remete ao estilo europeu de quadrinhos – de Hergé, Uderzo… -, Belleville é um sopro de ar fresco para quem está cansado de animações com meninas de olhos gigantes e bichinhos fofinhos em 3D.

• O Escocês Voador (2006)

Biopic surpreendente

Tenho que confessar que, se não odeio biopics, tenho ao menos um enorme preconceito com o gênero. Talvez seja um efeito da falta de criatividade dos roteiristas hollywoodianos e essa insuportável onda de remakes, adaptações e filmes biográficos…

Dito isso, O Escocês Voador foi um dos filmes que mais me surpreendeu em 2010. Uma humilde coprodução Alemanha-Reino Unido que conta a história real de Graeme Obree (Jonny Lee Miller, de Hackers, e que faz o vilão Jordan “take it” Chase na temporada 5 de Dexter), um ciclista desempregado que decide quebrar o recorde mundial da hora – uma prova quase suicida, em que se tenta pedalar a maior distância possível em velódromo dentro de sessenta minutos.

Além da atuação poderosa de Miller, o filme se destaca pela ótima trilha sonora (assinada por Martin Phipps), pela fotografia e pela edição de imagem e de som, que transmitem a sensação de isolamento e concentração ao se dar voltas e voltas em um velódromo. Sempre que me falta ânimo para pedalar no frio e na chuva de Curitiba me lembro das cenas de Obree pedalando no inverno escocês…

• Quicksilver – O prazer de ganhar (1986)

Com um punhado de clichês dos anos 1980 na bolsa

Kevin Bacon é um corretor de ações que perde tudo na bolsa e encontra sua nova vocação como bike messenger – o equivalente gringo dos nossos motoboys. Entre uma entrega e outra, ele encontra tempo para se envolver com uma garota (Jami Gertz), disputa corridas com Larry Fishburne – que depois se tornaria Laurence – e precisa enfrentar um traficantezinho de meia tigela que deve ser um dos vilões mais patéticos da história do cinema. Um roteiro sem pé nem cabeça no melhor estilo 1980s.

Mas ninguém assiste Quicksilver esperando ver uma obra revolucionária. Ele é mais um daqueles filmes que funciona porque estava no lugar certo, na hora certa – um filme que capturou o Zeitgeist, como nós, arquitetos, gostamos de falar: nos figurinos, nas músicas, no imaginário dos anos 1980. Bicicletas de roda fixa voltaram à moda trazendo consigo toda uma estética inspirada nos bike messengers e nos anos dourados das corridas de estrada. E, na esteira desse renascimento, renovou-se o interesse por Quicksilver. Um filme que serve de aperitivo enquanto esperamos Premium Rush.

Pra terminar, ao invés do trailer, deixo minha cena favorita:

FEMME FATALE DA SEMANA (ou A Última Sedução parte 2)

29 nov

PERSONAGEM: Kroy ou Bridget

ATRIZ: LINDA FIORENTINO

Filme: A ÚLTIMA SEDUÇÃO (Last Seduction,  1994), John Dahl, País de origem: Estados Unidos.

A femme fatale desta semana é oriunda de uma idéia do post anterior portanto quem tiver interesse em saber mais sobre o filme em que a nossa mulher-aranha (odeio essa tradução do termo spider-woman mas tbm odeio ser repetitivo com femme fatale o tempo todo!). A nossa Femme Fatale dessa semana tem todas as caracteríscas de uma femme fatale exponencializados em proporções infinitas. Então antes mesmo de eu rever o filme para fazer as estatísticas do números de vitimas e outros elementos, já estou bem curioso em relação aos números.

Quem leu o texto anterior já sabe que o filme se trata de uma mulher sem escrúpulos e estelionataria que rouba todo dinheiro do imoral marido e vai viver reclusa no interior onde seduz mais vitimas e tenta sair ilesa. Todavia, a vida dela consiste em sexo, roubo e sadismo. Não existe pessoas…existe sexo, dinheiro e sadismo. E o que resta pra nós?  Entretenimento escapista da melhor qualidade, arte e beleza. Ah! E o meu desejo de querer ser rico para ser roubado pela Linda Fiorentino.

Gostaria de comunicar a adição da categoria “Que deusa da mitologia grega a personagem seria” e também o diagnóstico realizado cada semana por um convidado especial diferente. Esta semana a Ingrid Bergman direto do filme Quando Fala o Coração, onde atuou como psiquiatra (1945, Hitchcock), aceitou o nosso convite. Vamos aos números!

drink favorito: cerveja com frequência, mas em bares costuma pedir “Manhattan”.

visual: Cabelo castanho, cumprido e liso, saias relativamente curtas, alternando suas roupas com branco e pretos.

sexualidade: Quatro expressivos e explícitos atos sexuais com o amante e outro com um investigador que tenta sequestrá-la a pedido do marido – mas este último é discutível.

hobbie: Linda Fiorentino, personagem Kroy, tem o habitual costume de escrever ao contrário com destreza, ato que faz com frequencia sempre que deixa bilhetes para o marido. Mas o mais curioso é quando ela utiliza a empresa de cartões de crédito onde trabalha para cruzar informações de maridos que tem cartões de crédito no nome de outras mulheres, ou seja, amantes, apenas para avisá-las e suborná-las, até mesmo sugerindo para matar seus maridos por dinheiro e sadismo.

número de assassinatos, vítimas ou casualidades: 2 assassinatos: um a sangue frio, outro parecendo um acidente veicular. A terceira vítima é condenada a prisão.

capital acumulado: cerca de $1.000.000,00 e mais um imóvel no final.

situação final: Kroy (Linda Fiorentina) sai da situação completamente ilesa, impune por seus crimes e roubos. Que astuta essa Femme Fatale!

que deusa mitológica Kroy seria: Afrodite. Deusa do amor, mas também SEDUÇÃO. A deusa provinda do mar traiu seu marido Hefesto e ainda a longo prazo foi responsável pela guerra de Tróia. Nunca perdeu sua posição no Olimpo com seus irmãos, os filhos de Zeus.

Convidada da semana:

Dra. Constance (Ingrid Bergman, Quando Fala o Coração, 1945 – Alfred Hitchcock)

Diagnóstico:  O caso severo da paciente Kroy (Linda Fiorentino) que vem sendo analisada na mesma clínica em que cuido de Gregory Peck sugere uma sociopatia severa cujas análises dos comportamentos compulsivos estão em fase inicial. Os sintomas se agravaram com a proibição dos narcóticos. Seu ex-marido, um doutor, deixou anotações na qual identificava que “Kroy” era “York” ao contrário (sua cidade preferida). Este costume de deturpar a realidade através da escrita pode refletir uma possível esquizofrenia moderada e certamente um transtorno obsessivo compulsivo.

Reveja semanalmente os diagnósticos da FEMME FATALE DA SEMANA para ficar a par da situação dos pacientes em questão.